Teixeira de Manaus, Pantoja do Pará e Manezinho do Sax: três saxofonistas amazônicos com fraseados típicos

Os três saxofonistas citados no título desta matéria tiveram grande impacto sobre o movimento musical instrumental na Amazônia, principalmente nas décadas de 1980 e 1990. Cada um deles deixou um legado musical que exalta muitos elementos da cultura regional amazônica. Mas, assim como qualquer compositor, músico ou um profissional de outra área de atuação, esses saxofonistas tiveram influencias de diversos movimentos culturais, oriundos de outras regiões do Brasil, ou até mesmo de outros países.

Ao ouvir algumas composições de Teixeira, Pantoja e Manezinho, é possível perceber certa similaridade estrutural em alguns padrões desenvolvidos melodicamente. Quanto à harmonia, em geral, segue o padrão de tensão e relaxamento mais comum na música ocidental, o famoso V – I. No entanto, não é o objetivo desta matéria aprofundar-se a uma análise minuciosa ou acadêmica de obras desses músicos, mas apenas evidenciar o uso extensivo de duas estruturas em suas composições. Vamos a elas:

  1. Escalas - as escalas musicais mais usuais nas músicas observadas são as maiores e suas derivadas.
  2. Arpejos (a estes será dada maior ênfase nos trechos observados posteriormente) - assim como as escalas derivam ou podem ser derivadas de determinados acordes, os arpejos tem a mesma propriedade. Os mais usuais nas músicas observadas são: maiores em acordes tônicos (I grau) e maiores com sétima menor nos acordes dominantes (V grau).

Abaixo estão dispostos em ordem três trechos melódicos com fraseados típicos de cada um dos saxofonistas mencionados neste texto. 

  •  Trecho da música “Sax na Lambada”, de Teixeira de Manaus:

No trecho acima, cada arpejo equivale exatamente ao seu respectivo acorde. No primeiro, segundo, terceiro e quarto acordes de Fá maior, os arpejos são desenvolvidos sobre a tríade referente ao acorde. O mesmo acontece nos acordes de Dó com sétima.

  • Trecho da música “Pegou Fogo”, de Pantoja do Pará:

Esse trecho da melodia de Pantoja do Pará mostra a evidencia das tríades arpejadas de Fá maior e das tétrades arpejadas de Dó com sétima. Em complemento ao desenvolvimento melódico, são acrescentadas notas de passagem, como sétimas maiores e sextas maiores nos acordes de Fá maior, além de nonas maiores nos acordes de Dó com sétima.

  • Trecho da música “Bambolê”, de Manezinho do Sax:

De maneira similar aos dois trechos observados anteriormente, este mostra novamente as tríades arpejadas em Fá maior, acrescidas com notas de passagem (quarta aumentada e sexta maior), e nos acordes de Dó com sétima o uso de arpejos com sétima e uma nota de passagem (sexta maior).

Como você pôde ver os três trechos expostos anteriormente mostram o enfoque em tríades arpejadas em acordes de I grau (relaxamento), tétrades com sétima arpejadas em acordes de grau V (tensão), além das notas de passagem em sua maioria pertencentes à escala equivalente ao acorde de instante.

É bastante óbvio que esses compositores tenham se utilizado de outras escalas e arpejos em suas composições. Porém, o objetivo até aqui foi mostrar um pouco da similaridade de padrões melódicos em campo harmônico maior, utilizados tipicamente pelos saxofonistas citados.

Este texto foi apenas um breve comentário sobre a usualidade de tríades, tétrades e notas de passagem em fraseologias musicais dos saxofonistas nortistas Teixeira de Manaus, Pantoja do Pará e Manezinho do Sax. Se você tiver interesse em experimentar compor algumas frases melódicas nesse contexto, será bem mais fácil fluir as ideias tendo em mente alguns padrões melódicos, similares aos utilizados por mestres com os três mencionados no texto. 

Aguarde, pois em breve pretendo publicar mais matérias em complemento a esta. Saudações musicais a todos os leitores!

Texto: Jr. C. Sax.

Tópico: Teixeira de Manaus, Pantoja do Pará e Manezinho do Sax: três saxofonistas amazônicos com fraseados típicos.

Nenhum comentário encontrado.

Novo comentário